MAMÃEZINHA QUERIDA


 

Livro: MAMÃEZINHA QUERIDA

Autor: Christina Crawford

Editora: Círculo do Livro – Ano: 1978

 

 

            Para quem gosta de conhecer a vida privada de astros e estrelas de Hollywood, eis um livro imperdível.

            A vida íntima revelada é a da atriz norte americana Joan Crawford (1904 – 1977).

Considerada uma das mais belas mulheres de Hollywood, Joan começou sua carreira em 1925. Em 1928, já havia participado de mais de 20 filmes. Em 1945 ganhou o Oscar de melhor atriz por Alma e Suplício. Continuou atuando até 1970, quando decidiu se aposentar. Em 1972, fez sua última atuação participando de um episódio de um seriado de televisão britânico chamado O Sexto Sentido. Em 1974, retirou-se da vida pública devido a fotos tiradas dela que lhe desagradaram. Morreu de ataque cardíaco em 1977.

Joan foi casada quatro vezes, porém não teve filhos biológicos. Entretanto, adotou quatro crianças, tendo sido a primeira adotada em 1940. Chamou-a de Christina. Após, vieram Christopher e as gêmeas Cindy e Cathy.

E é neste ponto que começa propriamente a história que dá causa ao livro escrito por sua filha, Christina, após a morte da mãe em 1977.

Christina Crawford narra as surras, humilhações e terror psicológico que sofreu por parte de sua mãe, Joan. Ela revela a atriz como uma mulher egocêntrica, extremamente vaidosa, severa, alcoólatra, bipolar, cruel e abusiva.

Em determinada passagem do livro, por exemplo, a autora revela a surra que tomou da mãe em virtude de esta ter encontrado, no armário de roupas da filha, cabides de arame ao invés de cabides de madeira, cuja troca Joan determinara anteriormente. É simplesmente horrível a narração da cena que aconteceu na noite descrita por Christina. Ela teria sido covardemente espancada por Joan. Seu irmão Christopher teria presenciado a tudo em absoluto estado de terror, de medo, ao ponto de não se mexer para não fazer qualquer barulho que fizesse a mãe voltar ao quarto.

Além disso, a autora conta que a atriz costumava fazer seu filho Christopher dormir amarrado à cama, para que não pudesse levantar-se e ir ao banheiro ou à cozinha durante a noite, o que era terminantemente proibido por ela.

            Também é dito que Joan encenava o papel de “boa mãe” para a imprensa e amigos, de forma absolutamente sórdida e vil.

            Os filhos mais velhos de Joan, Christina e Christopher pareciam ser os predestinados a viver sob a égide do terror, visto que as narrativas da autora indicam que as gêmeas não passavam pelo mesmo que seus irmãos. Inclusive, as gêmeas foram as únicas contempladas no testamento de Joan Crawford, cada uma ficou com metade da fortuna da atriz. Já seus irmãos mais velhos não receberam absolutamente nada da mãe, e, pela explicação dada no próprio testamento: “eles sabem a razão”.

            A história toda é muito chocante e bastante lamentável. Mas, em que pesem as acusações da autora, suas irmãs gêmeas negam que tenha havido qualquer tipo de abuso contra seus irmãos. Por aí já se tem uma ideia do tamanho da polêmica que este livro causou ao ser lançado em 1978, e, que, na verdade, ainda causa, na atualidade.

            Bom, o livro é rico em detalhes da vida da família Crawford. Por esta razão, sugiro a leitura desta obra, de sorte que você mesmo poderá tirar suas próprias conclusões.

            Ah! Uma curiosidade é que o nome do livro tem a ver com a maneira como Joan Crawford exigia que sua filha lhe respondesse quando se dirigia a ela: “yes, mommie dearest” (sim, mamãezinha querida).

Diante do exposto, não resta dúvida de que as aparências enganam.

A obra foi escrita no século passado (1978 é século XX, afinal de contas), mas o assunto é mais atual que nunca. A violência doméstica contra crianças e adolescentes é uma barbárie que não pode mais ficar escondida. Deve ser mostrada, contada, denunciada. Se você vier a ter conhecimento de alguém (crianças, adolescentes, mulheres, idosos, etc) sofrendo qualquer tipo de violência (física, psicológica, sexual, patrimonial, verbal), não deixe de denunciar às autoridades. Disque 100 (número nacional), ou informe às polícias civil ou militar do seu Estado, aos Conselhos Tutelares ou mesmo ao órgão do Ministério Público local. A denúncia pode ser anônima, se você preferir.

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