O DIÁRIO DE ANNE FRANK


Livro: O DIÁRIO DE ANNE FRANK, edição definitiva por Otto H. Frank e Mirjam Pressler

Tradução de Alves Calado

Editora: Beste Bolso – Ano: 2012

 

 

            O Diário de Anne Frank é um daqueles livros que marcam a gente.

            A mim marcou profundamente.

Foi a partir da leitura desse livro que algo dentro de mim finalmente despertou para o que realmente significou para o mundo a Segunda Guerra Mundial.

Desta forma, ao tomar conhecimento das idéias íntimas e sentimentos genuínos de uma menina de 13 anos, que viveu em meio a todo o caos que se formou no entorno dela e perceber que ela não se acovardou diante da vida, isso me tocou de muitas formas. É muito comovente quando se percebe, ainda que através de olhos alheios, que a vida tem um significado muito maior do que aquele que nossos sentidos podem perceber. A palavra que encontro para definir esse significado é amor. Amor no sentido amplo do termo.

E, amor não faltou para Anne Frank. Ela amou todos ao seu redor. Mas, acima de tudo, amou o ser humano. E, isso, apesar da desumanidade que vivenciou durante o advento do nazismo, dos seus 13 até os seus 15 anos de idade, quando sua vida foi interrompida pelo tifo adquirido no campo de Bergen-Belsen, pouco antes do fim da guerra.

De família judia, Anne viveu na Holanda. Nasceu em 12 de junho de 1929.  E, justamente, no seu 13º aniversário ganhou de presente um diário e nele escreveu de 12 de junho de 1942 até 1º de agosto de 1944.

Sempre começava a anotação do dia, no diário, com “Querida Kitty” e terminava com “Sua Anne”.

O livro, que em verdade é o seu próprio diário, foi produzido durante o tempo em que a jovem ficou escondida com sua família, e mais outras pessoas (eram um total de oito), num anexo ao prédio do escritório de seu pai (engendrado pelo próprio, já antevendo a possibilidade de sua família ser perseguida pelos nazistas). Eles ficaram nesse esconderijo por dois anos até serem descobertos pelos soldados alemães e levados para diferentes campos de concentração. Quem entregou o local do esconderijo para os soldados da temida SS é até hoje uma incógnita, embora haja muitas teorias a respeito desse assunto (o que é tema para outra resenha).

Bem, durante o tempo em que ficaram homiziados, Anne relata sua vida de menina, suas descobertas da adolescência, seus questionamentos, sua rebeldia própria da idade, seu primeiro amor e os horrores perpetrados pelo governo de Hitler, que ela tomava conhecimento através de uma amiga fiel da família Frank, Miep Gies, que lhes trazia alimentos, medicações e notícias sobre o andamento da guerra.

Também constam do diário as dificuldades de convivência de Anne com a outra família que com eles dividia o pequeno anexo secreto (havia, ainda, um homem solteiro junto das duas famílias que ocupavam o esconderijo). Como seria natural ocorrer, não era fácil passar 24 horas por dia com pessoas tão diferentes de si, as brigas são inevitáveis, os aborrecimentos surgem e se tem de lidar com eles. Tudo isto vem descrito no diário da menina, o qual, em que pese a difícil situação vivenciada, não deixa de ser lúdico e belo.

A última anotação do diário data de 1º de agosto de 1944. Três dias após, todos os ocupantes do anexo secreto foram presos. Miep Gies (a amiga da família, já referida) encontrou as folhas do diário de Anne espalhadas pelo chão do anexo, recolheu-as e as guardou numa gaveta, sem as ler. Finda a guerra, Miep entregou-as ao pai de Anne, Otto Frank, que posteriormente decidiu publicá-las como um livro chamado de O Diário de Anne Frank (o que era um desejo de Anne, dado que seu sonho era ser uma escritora de sucesso).

Otto Frank, a princípio, publicou uma versão em que cortava partes dos escritos do diário, por julgar serem íntimos demais para exposição pública. Depois de sua morte, em 1980, foi publicado na íntegra o livro contendo todas as anotações de Anne.

Trata-se de uma obra extraordinária, cuja leitura é muito importante, não só pelo aspecto humanitário da questão, como também pelo aspecto histórico envolvido nos fatos narrados.

Nessa época de quarentena uma boa leitura faz toda a diferença. Então, que tal ler este livro?

Fica a dica!

 

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